Mentiras e contradições no depoimento de Pazuello à CPI da Covid
Em 19 de maio de 2021 – Por Gilbson Alencar – jornalista e escritor
Nesta quarta-feira, 19, o clima continuou tenso no Senado. A CPI da Covid, presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), ouviu o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
A testemunha pareceu acreditar que o habeas corpus conseguido no STF garantia a ele a prerrogativa de mentir na comissão parlamentar de inquérito. Um flagrante disso foi a declaração aos parlamentares de que Bolsonaro não dava ordens para as ações do Ministério da Saúde no enfrentamento à pandemia, na época de Pazuello. Algo estranho aos ouvidos dos senadores, pois foi exatamente a interferência de Jair “o incomível” na pasta da Saúde que afastou os então ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, este último não aguentou nem um mês a pressão e os desmandos do Planalto.
Em determinado ponto da oitiva, políticos do estado do Amazonas se mostraram muito irritados com a fala de Pazuello sobre o colapso na saúde pública pela Covid-19 na cidade de Manaus. Segundo o ex-ministro, o estoque de oxigênio hospitalar ficou negativo apenas por três dias em janeiro deste ano. O parlamentar Eduardo Braga (MDB-AM) contestou: “informação errada, mentirosa!”. Para Braga, a carência do insumo em Manaus durou por mais de 20 dias. Ressaltou, inclusive, que bastava ver o número de óbitos.
O esforço para defender o presidente Bolsonaro, com mentiras e contradições, fez Pazuello passar mal e o seu depoimento na CPI foi adiado para amanhã, 20.
A paixão de Pazuello pela pós-verdade motivou Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, a solicitar ao presidente da comissão que seja contratado o serviço de checagem de fatos para auxiliar os trabalhos do colegiado.