AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE

NOVAS PERSPECTIVAS – NOVAS ALTERNATIVAS

Em 14 de junho de 2022 – Redação – Por Sylvain N. Levy –medico sanitarista e psicanalista e Cid B. Pimentel – pesquisador e consultor da FIPE

Com a promulgação pelo Congresso da Emenda Constitucional 120/2022, estabelecendo um piso  nacional de dois salários mínimos para os ACS, Agentes Comunitários de Saúde, fica evidenciada a necessidade estabelecer um processo de educação continuada para esses profissionais.

Nos últimos 25 anos a categoria dos agentes comunitários de saúde (ACSs) inseridos no Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido amplamente utilizada pelos municípios brasileiros, sendo este trabalhador ator fundamental da equipe, na Estratégia Saúde da Família (ESF), de caráter mais vertical estabelecido pelo Ministério da Saúde que considera a ESF uma estratégia de reorganização da atenção à saúde no Brasil, contribuindo, fortemente, para o aprimoramento e a consolidação do SUS.

Nessa política observa-se que o ACS é o único elemento da equipe que tem como requisito primordial ser morador do local onde a ESF atua, tendo em vista que esse ator por ser uma pessoa da comunidade tem aproximação e condições de vida da população dessa região, convivendo com seus hábitos, cultura e dinâmica familiar e social. O ACS nesse contexto tem a sua atuação direcionada para a prevenção de doenças e promoção da saúde, não tendo atribuições clínica direta, mas trabalhando de forma educativa.

Foto: Internet

Por meio do reconhecimento desse ator pelas pessoas da comunidade, é fato que o trabalho de todos os profissionais de saúde encontra menos barreiras para ser realizado e contribui para fazer a diferença na saúde dessa população.

Para acompanhar as mudanças e as transformações que as novas tecnologias impõem é fundamental que o ACS domine e se aproprie das novas possibilidades que essas ferramentas trazem, inclusive, como um caminho de melhoria do acesso dos pacientes aos serviços de saúde, sem deslocamento da sua residência. Para tanto, é necessário que esses agentes se apropriem e dominem essa nova tecnologia relacionada, principalmente, à telemedicina.

É importante e necessário que os ACS sejam capacitados de forma adequada e inclusiva, com continuidade, imersão na atividade e autonomia de maneira a que eles sejam a referência da comunidade para a transmissão e utilização desse conhecimento.

Para capacitar os agentes comunitários de saúde em novas tecnologias (telemedicina), possibilitar a atualização destes e a inclusão da utilização dessas ferramentas na comunidade, foco de atuação do ACS é fundamental que sejam preparados para a introdução do uso dessas novas tecnologias no cotidiano de trabalho do ACS, realizadas trocas de experiências sobre telemedicina entre os ACS e desenvolvidas metodologias ativas de aprendizagem e de educação popular que possam ser utilizadas nas abordagens educativas dos ACS nas comunidades.

Essas metodologias priorizam o protagonismo dos sujeitos com o propósito de desenvolver a reflexão relacionada às situações do cotidiano, mediante a problematização e a formulação de ações originais e criativas capazes de transformar a realidade social. As metodologias, denominadas como ativas, tomam as experiências como ponto de partida e chegada, buscando o desenvolvimento de potencialidades individuais e coletivas, que fortaleçam as atividades realizadas pelos atores do processo educativo. 

Por ter se tornado fundamental a discussão dos processos de ensino-aprendizagem na capacitação de profissionais de saúde e lideranças de comunidades tem se tornado imperioso rediscutir os processos educativos e participativos para a utilização de novas tecnologias. Nesse sentido, o reconhecimento das modificações que estão no universo da educação contemporânea, está diretamente relacionado com a velocidade das transformações nas sociedades laicas e plurais contemporâneas, em um contexto em que a produção de conhecimento é extremamente veloz, tornando ainda mais provisórias as verdades construídas no saber-fazer científico.

É fundamental para os novos governantes a serem eleitos em outubro próximo que consigam lançar um olhar tanto sobre as imensas possibilidades de aproveitamento de força de trabalho representada pelos Agentes Comunitários de Saúde com o advento da telemedicina,  como pela necessidade de promover um processo de educação continuada a esse grupo seleto, e ainda, de utilizar as novas metodologias e tecnologias para promoção das atividades pedagógicas baseadas na EAD – Educação à distancia.