O Distrito Federal tem as sete mulheres assim como na Revolução Farroupilha

Em 07 de dezembro de 2020 – Redação

Em meados da década de 1830, a situação política no Brasil fervia. Após a abdicação de D. Pedro I, os mandos e desmandos dos regentes que assumiram o controle do governo atingiam o limite crítico. De norte a sul do país começaram a estourar revoltas lideradas por homens que queriam se libertar do jugo do império. No sul, uma dessas revoltas levaria cerca de dez anos para ter uma solução final: a Revolução Farroupilha.

Ao começar a revolução, seu principal líder, Bento Gonçalves, já aclamado como herói gaúcho, antes de partir para o campo de batalha, mandou tirar as mulheres e as crianças de sua família do epicentro do conflito e os enviou para o interior da província. Na Estância da Barra que era propriedade de sua irmã Ana Joaquina, um local protegido e de difícil acesso. Lá elas estariam a salvo e longe dos horrores da guerra, naquele lugar estavam sete mulheres fortes, mãe, filhas e cunhada, todas se protegiam umas as outras e não tinham medo de enfrentar os desafios daquele período e nem de lutar caso fosse necessário. A maior arma daquelas mulheres era a esperança de que aquela guerra fosse vencida.

Atualmente não conseguimos enxergar na política local e nacional essa força nas mulheres. Se tirarmos por base as eleições findadas neste último final de semana (29/11), temos apenas 12% das cidades brasileiras que serão comandadas por mulheres, sendo apenas uma das 25 capitais, Palmas no Tocantins. No Senado Federal, as mulheres representam menos de 15% das cadeiras, sendo 12 de 81 vagas. Na Câmara Federal a proporção fica muito parecida chegando aos 15%, ocupando apenas 77 cadeiras das 513.

Voltando à história da Revolução Farroupilha, quero destacar tal como a minissérie apresentada pela TV Globo, exibida em 2003, A Casa das Sete Mulheres, para destacar sete delas aqui no Distrito Federal, contemplando as perspectivas e vidas dessas mulheres da família do líder dos farrapos, que aqui na capital são elas: Celina Leão, Flávia Arruda, Érika Kokay, Paula Belmonte, Leila Barros, Bia Kicis e Eliana Pedrosa.

Foto Internet

Celina Leão é deputada federal (PP/DF), foi deputada distrital por dois mandatos consecutivos na CLDF, elegendo-se deputada federal na última eleição de 2018. Hoje ocupa o cargo de Secretária de Esportes do Distrito Federal. Celina se consagrou como uma política que vai para cima, foi destaque quando se opôs aos ex-governadores Agnelo Queiroz e Rodrigo Rollemberg. Suas características se encaixam para qualquer vaga majoritária no DF. Na Secretaria deixou para trás o ostracismo que por vezes o cargo de deputado federal oferece e tem se destacado em uma área importante, mesmo durante a pandemia, que é a inclusão no Esporte. Aliada do governador Ibaneis Rocha, a secretária de Estado Celina Leão tem partido forte e nome para ser protagonista em 2022.

Foto Internet

Flávia Arruda é deputada federal (PR/DF), estreante na política do Distrito Federal, mas traz consigo a marca de ter sido a mais votada na eleição passada. Além disso, Flávia carrega no nome político, a força do marido, o ex- governador Arruda que ecoa pela cidade, principalmente depois das frustrações dos eleitores com os últimos governantes que ocuparam a cadeira do Buriti. Flávia tem se destacado positivamente em suas atuações no Parlamento e seu nome é cotado para qualquer cargo no DF. Hoje, aliada do governador Ibaneis Rocha, a deputada pode se distanciar e criar seu próprio nicho, uma vez que partido e nome não lhe faltam para tal empreitada.

Foto Internet

Érika Kokay é deputada federal pelo (PT/DF), foi deputada distrital também por dois mandatos e já se encontra no seu segundo mandato de deputada federal. A ex-presidente do Sindicato dos Bancários, da Central Única dos Trabalhadores e do Partido dos Trabalhadores do DF, tem no seu DNA a garra e a coragem. Cotada para qualquer cargo político na capital, Érika pode pagar o preço que o seu partido (PT) vem capitaneando nas últimas eleições. Mais para quem conhece a política não se pode menosprezar o peso da esquerda e a possível aglutinação que essa mulher pode vir a fazer na capital.

Foto Internet

Paula Belmonte é deputada federal pelo (CIDADANIA/DF), também estreante na política da capital do país, como deputada federal, traz como herança o nome e a força do seu esposo Luís Belmonte, atual primeiro suplente do senador Izalci Lucas, aliado do presidente da República Jair Bolsonaro e um dos principais articuladores do partido Aliança pelo Brasil. Paula chama a atenção no Parlamento pelas cobranças que faz ao que ela declara como desmandos do PT quando governou e assim, ela pode vir a alçar vôos mais altos em 2022.

Foto Internet

Leila Barros é senadora pelo (PSB/DF), conhecida como Leila do Vôlei nas eleições de 2014, concorreu a uma cadeira na Câmara Legislativa do Distrito Federal, ficando apenas com a primeira suplência, mas em 2018, alcançou bem mais, foi eleita a primeira senadora da capital federal. Tem como pilares a utilização do esporte como eixo estruturante do bem-estar social, priorizando a defesa dos interesses das mulheres, a educação como instrumento de transformação, a saúde com foco na prevenção, a gestão pública inovadora, transparente e efetiva. Nas eleições de 2022, pode entrar como franco atiradora uma vez que não tem o que perder.

Foto Internet

Bia Kicis também deputada federal (PSL/DF) é estreante na política, Bia é uma das maiores defensoras do presidente Jair Bolsonaro, advogada, procuradora do Distrito Federal aposentada, ativista e youtuber, se declara conservadora e em suas palestras, defende o combate à corrupção e à impunidade, as lutas pelas liberdades individuais, o combate ao Estado Totalitário, o voto impresso e a Escola Sem Partido. Bia integra o grupo dos cinco parlamentares mais influentes nas redes sociais, sendo aqui no Distrito Federal, a número um. Pode ser a surpresa do presidente Bolsonaro para um cargo majoritário em 2022 pelo DF.

Foto Internet

Eliana Pedrosa atualmente sem mandato esteve na Câmara Legislativa por três mandatos e foi na última eleição candidata a governadora da capital, obtendo quase 7% dos votos. Descartar Eliana do cenário político local seria para qualquer um, uma leviandade, uma vez que ela tem força política, nome e história na cidade. Não será surpresa nenhuma, ver seu nome novamente disputando cargos políticos em 2022.

Relembrando a Revolução Farroupilha, na política do Distrito Federal, devemos nos espelhar em Bento Gonçalves, que formou uma família modelo que suscitava a admiração e a inveja de seus amigos e inimigos. Que essas e outras mulheres sejam encorajadas e empoderadas para viver a nossa política e não aceitar a amargura do abandono e a intensidade das poucas guerreiras dos Parlamentos e do Executivo. É lá que elas vão fazer o impossível para lutar pelos seus e pelos nossos ideais.

No campo da batalha política e em meio a tantos homens, que possam se destacar várias mulheres de fibra, sob o ponto de vista das sete mulheres como na minissérie. Com idades e temperamentos diferentes, elas enfrentaram toda a sorte de privações, dificuldades, tentativas de invasão e saques, sem jamais abrir mão dos seus sonhos, paixões, projetos de vida e esperança de tempos melhores.