Dia do Candango: conheça histórias de quem ajudou a erguer a capital

Em 12 de setembro de 2021 – Redação – Por Agência de Notícias UNICEUB

Este domingo (dia 12 de setembro) é Dia do Candango, graças a uma Lei que passou a valer no ano passado. Faz justiça à história de trabalhadores que participaram da construção de Brasília. “Candangos” são pessoas que vieram de outros estados do Brasil com objetivo de “tirar do papel” o sonho de construir a capital. No começo, os candangos eram os nordestinos que cuidavam da mão-de-obra braçal na maior parte das vezes, e o termo era visto como forma pejorativa.

Muitas pessoas migraram para Brasília em busca de esperança e uma nova vida. É o que relata Maria do Carmo Gonçalves Goretti, 66, moradora da cidade desde os 6 anos de idade. Um dos motivos de sua vinda foi que seu pai teve a oportunidade de trabalhar na capital, como funcionário do Banco do Brasil. “Com certeza isso foi um propósito para mudar de vida”. 

Osvaldo Goretti e Maria Jose Gonçalves Goretti (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela acrescenta que não esperava tamanha proporção de crescimento para Brasília, mas que atualmente a cidade é muito melhor do que sua família poderia imaginar, faltando apenas um pouco mais de organização, em sua opinião. “Era um lugar pequeno, com pessoas do Rio de Janeiro, São Paulo e outras regiões. Mas comparando com antigamente, cresceu demais”. Apesar de Maria ser uma das pioneiras da cidade, ela não demonstra conhecimento sobre a data do dia do candango, por ser muito recente, mas tem orgulho de estar tanto tempo na capital.

Filhos de Osvaldo Goretti e Maria Jose Gonçalves Goretti (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Denise Queiroz, 66, não foi diferente. A chegada a Brasília também foi uma oportunidade que ela e sua família tiveram para construir um novo ciclo. “Assim que nos mudamos, souberam que minha mãe era professora e a convidaram para dar aulas, pois faltavam professores naquele tempo.” Denise veio aos 6 anos de idade porque sua irmã mais velha já estava no período escolar, e onde moravam (em um sítio perto de Luziânia-GO) não havia escola.

Seu pai, Edson Braz de Queiroz, foi um dos responsáveis pela construção da cidade. Ele tinha uma olaria nesse sítio onde fabricava tijolos maciços que eram vendidos e transportados para Brasília, e em uma dessas vindas, Edson fez a inscrição para adquirir um lote em Taguatinga. “Minha mãe mora lá até hoje. Meu pai construiu um barracão nos fundos do lote e nos mudamos para lá em 1961”. 

Denise não imaginava que Brasília se tornaria o que é hoje, nem mesmo os próprios planejadores. Ela enxerga a cidade, em alguns aspectos, melhor do que o esperado, como em oportunidades e condições de vida, mas em outros casos não, por exemplo na questão da violência e problemas de transporte, saúde, educação. Apesar desses fatores, Denise se sente privilegiada por estar aqui nos tempos de crescimento da capital. “É uma cidade linda, e eu pude estar presente em vários momentos marcantes, como a primeira missa em pleno cerrado, junto à uma cruz de madeira que existe até hoje ao lado do Memorial JK, no Eixo Monumental.”

Ela também destaca sua família, que é muito grande. Vieram da cidade mineira Carmo do Paranaíba, rumo a Brazlândia, tendo seu pai como fundador do nome da cidade.

Por Vítor Rosas

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira