DF: comércio estima 20 mil demissões e prejuízo de R$ 500 milhões

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Projeção do Sindivarejista considera a situação como crítica na economia local devido ao coronavírus

As medidas de isolamento e de fechamento do comércio no Distrito Federal até 5 de abril para combater a proliferação do coronavírus na capital devastou as contas dos empresários. O estado de emergência e a pandemia da Covid-19 provocarão, segundo estimativa do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), um prejuízo de R$ 500 milhões. Além disso, a entidade prevê cerca de 20 mil desligamentos de funcionários no setor até 2 de abril.

“Hoje, o comércio emprega 100 mil pessoas, não há dúvidas de que haverá demissões. Foi todo mundo pego de surpresa. As demissões são nossa grande preocupação, pois não houve uma preparação para o meio empresarial. O lojista não vai ter como pagar aluguel, imposto, funcionário, sem abrir as portas, sem vender”, analisou o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro.

Segundo ele, as vendas começaram a ficar fracas desde o final de fevereiro e, nesta sexta-feira (20/02), as empresas têm que pagar o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Também temos dívidas com fornecedores e pagamento dos funcionários daqui a 10 dias. O empresariado está com mercadoria estocada sem ter como vender”, disse o presidente da entidade.

Sobre a perspectiva de conceder férias coletivas aos funcionários para evitar demissões, Castro acredita que pode funcionar em alguns casos, mas não será unanimidade. “Muitos empregados já tiraram férias. E como os empresários vão pagar as férias?”, questionou.

Segmentos

A crise afeta shoppings e lojas de todos os tipos. Entre elas, os salões de beleza, como o da empresária Liliane de Oliveira Lariucci, 49 anos. Proprietária da Lariucci Cabeleireiros, na Asa Norte, ela afirma que o estabelecimento está parado desde a quinta-feira (18/03).

“Na semana passada, o movimento estava ruim, agora está fechado. As clientes desmarcaram com medo. Não sei como vou fazer para pagar aluguel, água e luz”, lamentou a empresária. Ela ressaltou que as funcionárias responsáveis por trabalhar com unha, cabelo e maquiagem recebem por comissão e ficarão sem renda se não conseguirem atender em casa.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Salões de Beleza do DF (Simbeleza), Célio Ferreiro de Paiva, a maioria dos profissionais que trabalham na área é autônoma, não tem carteira assinada. “Com o fechamento das portas, haverá perda de renda, que impactará todas as famílias dos profissionais de salão de beleza.

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“Sem trabalho, eles não vão ter mais salário, já que recebem por comissão”, disse. “Além disso, a maioria das empresas funciona em imóveis alugados, o que pode acarretar o fechamento de várias lojas, gerando uma catástrofe para a economia do DF”, afirma Célio.

O presidente do Simbeleza sugeriu, ainda, que outras medidas poderiam ser tomadas para diminuir o impacto negativo nas empresas, como a diminuição do horário de trabalho ou a realização do serviço apenas por hora marcada, diminuindo o fluxo de pessoas. Atualmente, são mais de 19 mil trabalhadores no segmento de beleza do DF.

Fecomércio fará pesquisa

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Francisco Maia, afirmou que ainda não tem pesquisas concretas para comentar estimativas de prejuízo e demissões. A federação vai divulgar em cinco dias um documento que vem sendo elaborado junto à Secretaria de Economia com o panorama de seus representados.

Maia ressalta que os prejuízos são muitos, nos mais diversos setores. “Os eventos foram cancelados com tudo pago. Os hotéis estão vazios. Tinham faturamento mensal de R$ 700 mil ou R$ 800 mil por mês e terão muito menos. Não conseguimos adiar o pagamento do ICMS. A situação é preocupante”, afirmou.

No entanto, o presidente da Fecomércio acredita na manutenção dos empregos pelos empresários, devido ao crédito disponibilizado pelo Banco de Brasília (BRB), que pode chegar a R$ 1 bilhão.

“A situação econômica é tão grave quanto o vírus. Porém, os empresários estão se movimentando. Somente nesta quinta, recebemos na Fecomércio 200 empresários interessados no empréstimo. Temos, ainda, 1,5 mil academias negociando. Estamos tentando medidas para amenizar o problema”, ressaltou.

FONTE: Metrópoles