Bagunça eleitoral antecipada e cabos eleitorais desesperados mostram o futuro cenário nas corporações militares do DF para 2022
Em 16 de Julho de 2020 – Por Luciano Lucas
A Câmara Legislativa do DF, após intensa luta pela autonomia política do Distrito Federal, teve, finalmente, em 1990 eleitos os primeiros deputados distritais. Vinte e quatro deputados distritais, eleitos de quatro em quatro anos, compõem a Câmara Legislativa. Esse número é determinado pelo artigo 27 da Constituição Federal e corresponde ao triplo do número de deputados federais do DF.
Historicamente, desde sua criação, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros sempre elegeram um representante. Poderíamos lembrar de Marco Lima, João de Deus, Rajão, Patrício, Ailton Gomes e outros mais. Somente em 2014 ambas as corporações não conseguiram eleger ninguém porque as escolhas partidárias foram erradas e, segundo os eleitores desses candidatos em 2014 “só servimos de bode expiatórios e massa de manobras para eleger paisanos (civis na linguagem militar)”.
Mas, independentemente de estarmos há dois anos das próximas eleições, nas tropas e grupos de policiais nas redes sociais as pré-candidaturas já estão em pleno campo de batalha atrás dos milhares de votos dos militares e seus dependentes. Vale tudo quando o assunto é uma cadeira legislativa em 2022. Cabos eleitorais têm usado de todos os argumentos possíveis para alavancar seus candidatos, de debates ferrenhos a exposições de pessoas que sequer têm algum interesse político, mas que dispõe de grande influência eleitoral, tudo é válido.
Em 2018 a história de 2014 se repetiu. Alguns nomes que pareciam estar em evidência e com seus ternos prontos para a posse (em suas cabeças) acabaram consumidos pelo egoísmo e arrogância e ficaram pelo meio do caminho. Mesmo com o discurso de um “Chapão Militar”, os candidatos Ailton Miranda (3.101/2014), Jabá (1.114/2014), ST Geraldo Alves (529/2014) e dois outros não testados nas urnas, Caveira (Paulo Tiago) e Bonina (Véi da 12) morreram na praia e de quebra ajudaram a eleger pela coligação PTC/PMN, Eduardo Pedrosa com 12.806 votos. Já o outro militar, Guarda Jânio (14.939/2014) teve uma árdua batalha com o delegado Fernando Fernandes (12.079/2014) o qual saiu perdedor, apesar do número expressivo de votos que obteve em 2014.
Ao contrário dos demais candidatos da PM, o Subtenente Hermeto (9.664/2014), no PHS, venceu sua batalha contra o então deputado Lira (11.463/2014) conseguindo se eleger com 11.552 votos. Hoje, no MDB de Ibaneis Rocha e vice-líder do governo, vem sofrendo ataques violentos nas redes sociais por grupos ligados a pré-candidatos. Mesmo sendo o único representante dos policiais militares, as tropas acham que o desempenho do deputado tem sido fraco e querem a todo custo que ele rompa com o governo em prol das promessas de campanha feitas pelo atual governo e que não foram cumpridas. Sua base eleitoral, Candangolândia, Park Way e Núcleo Bandeirante são fortíssimas e podem lhe garantir, em tese, uma reeleição sem depender, exclusivamente, dos votos dos militares. Apesar de que o próprio deputado Hermeto tem dito que se esforça para tentar ajudar as corporações e precisa muito dos votos de ambas (Corporações e Comunidade) para que possa se reeleger e Que foi o primeiro deputado da história a criar um sub-gabinete dentro do seu gabinete na CLDF exclusivo para atendimento aos militares e que vem recebendo colegas das corporações com demandas mais simples pessoais a mais complexas institucionais.
Especialistas afirmam que, numa classe desunida, fragmentada e estritamente imediatista não será uma tarefa fácil eleger um representante em 2022, principalmente pelas mudanças na Lei Eleitoral. A lei do “meu umbigo antes de tudo” e os exemplos de anos anteriores tornam essa afirmação quase uma certeza. Aliado a isso, a antipatia de ações destrambelhadas de cabos eleitorais terminará jogando por terra todo e qualquer trabalho positivo dos pré-candidatos, por melhor que sejam as intenções. A política mudou e golpes baixos e sujeiras não estão mais sendo tolerados pelos eleitores.
Numa análise fria de especialistas, nenhum dos atuais pré-candidatos militares a cargos distritais cresceu politicamente e continuam na mesmice de sempre. Muita conversa, jogo sujo nos bastidores e pouco trabalho de convencimento. Ao que parece, minar os atuais distritais Roosevelt Vilella e João Hermeto que atualmente representam as corporações é um objetivo a ser alcançado para que abram portas a esses pré-candidatos, quando na verdade deveriam estar alinhados para o fortalecimento das classes militares pois é isso que eles dizem defender e, quem sabe, com um número maior de distritais eleitos nos próximos pleitos.
Vale lembrar que temos no DF vários policiais e bombeiros em cargos de visibilidade e que estes parecem que se preocupam em trabalhar e não atacar, são os casos de Alan Valim (São Sebastião); Serginho Damasceno (Paranoá); Cunha (Estrutural); Jesiel (Brazlândia) ; Adalberto (Núcleo Bandeirante); e Nascimento (Sobradinho), todos esses Administradores Regionais.
Então que venha as urnas!!!