Artigo: Seriam os leões homofóbicos ou homossexuais?
Seriam os leões homofóbicos ou homossexuais?
Muitos concordariam que o mundo ficaria bem menos interessante e divertido sem sexo, mas poucos percebem a extensão dessa afirmação… não se trata apenas do óbvio… sem sexo, não haveria flores, os pássaros não cantariam, os veados não teriam galhadas, os pavões não exibiriam suas famosas caudas… Enfim, seria um mundo com bem menos graça e beleza…
Mas será que sexo é a mesma coisa para todas as criaturas? Para os seres humanos e outras espécies parece ser a cópula. Para os peixes, um esguicho conjunto de ova e esperma. Para escorpiões e centopeias, sexo resume-se a um pacote de esperma depositado no chão para que a fêmea sente em cima e os faça explodir em seu trato reprodutivo. Para as plantas com flores, sexo é confiança depositada no vento ou em um inseto que traga o pólen para uma flor fêmea pronta para recebê-lo. A lista é grande e há muitas formas diferentes de sexo e de “relacionamentos” na natureza, desde espécies monogâmicas, passando por aquelas onde a promiscuidade é garantia de sobrevivência dos filhotes, até aquelas onde o macho é jantado ao final do evento sexual.
Essa situação macho e fêmea, como uma dicotomia básica, opostos que se completam, é apenas uma das muitas alternativas existentes na natureza. Há espécies que mudam de sexo por conta do equilíbrio populacional; há aquelas que atravessam diferentes fases em diferentes gêneros; há uma profusão delas que mantêm relações com indivíduos do mesmo sexo, inclusive parte dos primatas e felinos… Tradução: incesto, promiscuidade, troca de casais e de gênero, homossexualidade, cópulas que duram dias e meses e muitas outras coisas mais que soam estranhas para alguns, são absolutamente comuns entre as espécies que habitam esse planetinha perdido…
Ou seja, o que parece “natural”, “normal”, ou algo assim é apenas o que estamos culturalmente acostumados. Mas, ainda assim, muitos seres da espécie humana ainda apresentam uma grande dificuldade em lidar com modelos de sexo e de “relacionamento” diferentes do que eles consideram normal. O resultado disso é uma tremenda homofobia e um enorme preconceito contra pessoas que vivem situações diferentes da básica – e em geral, limitada e monótona – relação de casal.
Para tais seres, recomendo muito um livro, já indicado outras vezes aqui nesse blog: “Consultório sexual da dra. Tatiana para toda a criação”, de Olívia Judson. Trata-se de um guia de biologia evolucionária do sexo, onde é possível ter uma boa ideia da diversidade que existe na natureza. O livro é super divertido e a autora é uma grande especialista no tema, além de excelente escritora.
E… se esses seres, que compartilham com vocês o pertencimento à humanidade (comigo não, pois sou uma ex-humana), não tiverem nem tempo, nem vontade de ler o guia da Olivia Judson, poderiam, pelo menos, respeitar a diversidade e evitar a violência contra quem faz diferente.
Em tempo, leões exibem comportamentos homossexuais sim… já homofóbicos, não…
Por Nurit Bensusan
Bióloga e engenheira florestal, pós-graduada em História e Filosofia da Ciência pela Universidade Hebraica de Jerusalém, mestre em Ecologia e doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). É autora do blog Nosso Planeta, do jornal O Globo ( http://oglobo.globo.com/blogs/nossoplaneta ), uma de suas plataformas de popularização da ciência, e criadora da Biolúdica ( http://www.bioludica.com.br/ ), oficina de jogos com temas biológicos voltada para crianças e adolescentes. Participa também do coletivo de ideias Biotrix ( www.biotrix.com.br ) e é autora de mais de 12 livros, entre eles Biodiversidade: é para comer, vestir ou passar no cabelo; Meio Ambiente: e eu com isso?; Quanto dura um rinoceronte?, Rio + 20, +21, +22, +23 e Labirintos – Parques Nacionais (editora Peirópolis). Foi responsável pela área de biodiversidade e coordenadora de políticas públicas do WWF Brasil, coordenadora de biodiversidade no Instituto Socioambiental e coordenadora do núcleo de gestão do conhecimento do Instituto Internacional de Educação do Brasil.
Bióloga e engenheira florestal, pós-graduada em História e Filosofia da Ciência pela Universidade Hebraica de Jerusalém, mestre em Ecologia e doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). É autora do blog Nosso Planeta, do jornal O Globo ( http://oglobo.globo.com/blogs/nossoplaneta ), uma de suas plataformas de popularização da ciência, e criadora da Biolúdica ( http://www.bioludica.com.br/ ), oficina de jogos com temas biológicos voltada para crianças e adolescentes. Participa também do coletivo de ideias Biotrix ( www.biotrix.com.br ) e é autora de mais de 12 livros, entre eles Biodiversidade: é para comer, vestir ou passar no cabelo; Meio Ambiente: e eu com isso?; Quanto dura um rinoceronte?, Rio + 20, +21, +22, +23 e Labirintos – Parques Nacionais (editora Peirópolis). Foi responsável pela área de biodiversidade e coordenadora de políticas públicas do WWF Brasil, coordenadora de biodiversidade no Instituto Socioambiental e coordenadora do núcleo de gestão do conhecimento do Instituto Internacional de Educação do Brasil.
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Fernanda Fernandes e Clarice Gulyas
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