Poder, fé e Rasputin. Cem anos depois de sua morte, o fantasma do bruxo ainda caminha pela nossa política
POR: LUCIANO LUCAS
Talvez você já tenha ouvido falar a respeito de um místico meio maluco personagem do início do século XX chamado Grigóri Rasputin. Essa figura se tornou muito influente no final do período czarista na corte Russa, o que de certa forma deu-lhe poder e causou uma ciumeira danada provocando por fim, sua morte. E, mesmo depois de mais de cem anos do assassinato de Rasputin, o personagem autoproclamado santo, que se aproximou da família do czar Nicolau II, parece viver entre nós.
Quero falar de Rasputin, mas antes, fazer uma breve análise do poder e suas formas e componentes, seja ele o poder físico onde a coação e o medo suscita seu uso; o poder legitimado que nos fazem aceitar ordens e decisões de outra pessoa como normais e nos fazem cumprir; o poder econômico, onde outros trabalham para esse poderio e; o poder influenciador onde encaixo o bruxo Rasputin que conduz alguém a convencer outros a agir para o bel prazer do poderoso.
Na religião onde nossas crenças se voltam às dimensões fundamentais como base o bem e o mal, a felicidade terrestre e celeste, a justiça, a salvação e condenação do ser, por muito se misturam as dimensões políticas, onde uma dúvida para uns e certeza para outros, nos traz a tona a simples pergunta: Porque a religião tem que se misturar a política? As respostas podem estar na vantagem da autoridade, que um líder religioso exerce normalmente sobre os seus fiéis e um político também exerce sobre seus eleitores e novos admiradores; a divinização de um Rei ou Imperador reconhecido hoje, como um Presidente, um Senador, um Deputado ou até mesmo um Vereador.
Daí eu volto a Rasputin, que na adolescência tentou virar monge e mesmo não completando seus estudos foi considerado monge, e por ter simplesmente ajudado um príncipe onde este sangrava, fazendo-o se acalmar e com isso, sua pressão baixava e fazia cessar seus sangramentos. A fama deste “monge” se espalhou e sem querer citar veementemente o absurdo que se alastrava na época que, se as mulheres dormissem com ele estariam livres de todos os seus pecados, o que para mim, apenas o faz ter sido um devasso contumaz.
Então, podemos afirmar que existem inúmeros casos parecidos com o de Rasputin atualmente, onde podemos questionar se há algo de político em todo sagrado, ou se há algo sagrado em todo o político? Onde instituições sagradas são devoradas por dentro pelo desejo do poder ou instituições políticas são devoradas por dentro pelo desejo oculto religioso?
Se bem observados, notamos ainda, uma imensa semelhança entre Rasputin e as figuras que transitam pela nossa política.
Senhores políticos, cuidado! Bastante cuidado com Rasputins, que vagam por aí provocando o distanciamento de vocês, com o verdadeiro dono de seu mandato, que é todo o seu eleitorado, a população, o estado ou país, tenham eles votado ou não nos senhores. Senhores Rasputins, já não bastam enganar toda a simbologia do seu cargo e os que lhe seguem onde consideram os senhores poderosos de Deus e querem assim, usurparem como dos senhores fossem o poder do povo representado pelos seus escolhidos?
A propósito Rasputin foi assassinado envenenado, seguido de tiros, e há relatos também, de que deceparam seu pênis, jogaram seu corpo em um rio congelado e a necropsia apontou que a causa mortis teria sido por possível afogamento ou hipotermia, tendo pouco depois o czar russo com seu poder enfraquecido também foi assassinado, por defender o devasso Rasputin. Com isso tudo, podemos fazer uma possível analogia para 2022. Abram seus olhos e deixem que os Rasputins que lhes cercam e assombram, morram sozinhos