Guardas municipais querem ser PMs: só falta virar polícia
Em 04 de junho de 2025 – Redação – Por Luciano Lucas
No Brasil, país onde a jabuticaba floresce e a lógica tira férias, as guardas municipais resolveram dar o próximo passo evolutivo: virar Polícia Militar. Porque se já usam viatura, farda parecida e até fuzil, por que não pedir logo o pacote completo? Nome, aposentadoria, porte de arma irrestrito e, claro, o glamouroso título de “policial” no crachá. Afinal, quem precisa de formação, doutrina ou Constituição quando se tem um uniforme azul e vontade de mandar?
A bola da vez se chama PEC da Segurança, uma daquelas propostas amplas e genéricas que todo mundo aproveita pra enfiar sua listinha de desejos. A guarda municipal, que nasceu para proteger patrimônio público, agora quer patrulhar os direitos da PM. Um upgrade institucional na base do “se colar, colou”.
O lobby é pesado. O ministro Lewandowski até cedeu e colocou as guardas na lista de órgãos de segurança pública. Um gesto simbólico que, para alguns, vale mais do que qualquer critério técnico. Mas calma: ainda não é Polícia Municipal, nem traz aposentadoria especial. Só uma promessa. Mas quem vive de promessas mesmo?
“Fazemos o mesmo trabalho da PM”, alega a Associação dos Guardas Municipais do Brasil – AGM Brasil, ignorando com facilidade as 2.000 horas de formação que separam um guarda municipal de um policial militar. Pequenos detalhes, como treinamento tático, abordagem, uso proporcional da força… essas frescuras que só importam quando dá ruim.
Enquanto isso, guardas de cidades como Santana de Parnaíba – SP já andam armados com fuzis. Sim, fuzis. Porque, claramente, o maior problema do Brasil era a falta de armamento pesado nas mãos de agentes com treinamento equivalente a um curso técnico. E tem quem diga que militarização não resolve nada… falta só o tanque.
E quanto custa isso tudo? Ah, quem liga? Piso nacional, aposentadoria integral e porte de arma para todo o território nacional. Porque se o policial da PM ganha pouco, o certo é nivelar todos por cima. Inclusive os municípios quebrados que mal pagam o salário mínimo.
Aliás, segundo os próprios PMs, antes de querer nome, as guardas poderiam começar por algo modesto: formação decente. Mas é mais fácil pedir para mudar a Constituição do que sentar numa sala de aula por 2.500 horas.
A real é que o movimento parece mais uma tentativa de “colar o distintivo” sem colar na prova. Querem os privilégios, o status, os benefícios. A parte do sacrifício, do risco real e da formação rígida? Essa fica com os causídicos da PM.
No fim, o Brasil continua sendo o país do “me dá também”. A guarda municipal quer ser polícia. A polícia quer valorização. E o povo… esse só quer sobreviver à segurança pública de faz de conta que nossos governantes desenham. Triste realidade!!!!