Palavra do especialista:
Leonardo Boff e Nurit Bensusan falam sobre a Rio + 20

Por Clarice Gulyas e colaboração à redação

Os olhos do mundo estarão voltados para o Rio de Janeiro, dos dias 13 a 22 de junho, quando ocorrerá a conferência ambiental Rio+20, assim conhecida por marcar os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). A expectativa é que o evento contribua para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Três momentos importantes compõem a programação da Rio+20:  a III Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reunirão representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência, os Diálogos para o desenvolvimento sustentável e o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
A Rio+20 vem com a proposta de renovar o compromisso político entre países para promover o desenvolvimento sustentável, com dois temas centrais: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. O teólogo e ambientalista Leonardo Boff mantém postura cética com relação à eficácia da Rio+20. “A prioridade é tomar consciência das ameaças que pesam sobre a terra e sobre a vida. Do contrário, podemos ir ao encontro do pior. Não basta discutir desenvolvimento sustentável e economia verde, temos que garantir a sustentabilidade da vida na terra, da humanidade, se não garantirmos isso tudo isso não se sustentará. O documento da Rio +20 não aborda nada disso e repete uma lição que não deu certo: a de que temos que crescer, tirar mais recursos da terra, fazer com que ela não aguente mais esse estilo de presença, sob risco de que ela não nos queria sobre ela”, criticou Boff.

A bióloga brasiliense e engenheira florestal Nurit Bensusan, participante de eventos do Ministério do Meio Ambiente relacionados à Rio+20, traz uma visão crítica a respeito da funcionalidade do encontro mundial, sediado no Rio de Janeiro. “É preciso entender que o mundo mudou muito desde 1992, então é preciso pensar em novas soluções para novos problemas. O que foi possível em 1992 talvez já não seja viável, está muito mais difícil agora. Aquela foi a primeira vez que países se reuniram para falar em meio ambiente (em 1992). Transformar isso em um compromisso sério é mais difícil do que incorporar um discurso. Assumir metas é mais complicado”, explicou Nurit Bensusan. A especialista não acredita em efeitos práticos que venham da Rio+20. “Não há vontade política para promover as mudanças necessárias. Sou cética quanto à eficiência desse encontro, mas podemos nos surpreender positivamente”, concluiu.

Sobre Nurit Bensusan

Bióloga e engenheira florestal, é pós-graduada em História e Filosofia da Ciência pela Universidade Hebraica de Jerusalém, mestre em Ecologia e doutora em Educação pela Universidade de Brasília. É autora do blog Nosso Planeta, do jornal O Globo ( http://oglobo.globo.com/blogs/nossoplaneta ), uma de suas plataformas de popularização da ciência, e criadora da Biolúdica ( http://www.bioludica.com.br ), oficina de jogos com temas biológicos voltada para crianças e adolescentes.. Participa também do coletivo de ideias Biotrix ( www.biotrix.com.br ). Com diversos livros publicados, entre eles Biodiversidade: é para comer, vestir ou passar no cabelo e Meio Ambiente: e eu com isso? (editora Peirópolis), foi responsável pela área de biodiversidade e coordenadora de políticas públicas do WWF Brasil, coordenadora de biodiversidade no Instituto Socioambiental e coordenadora do núcleo de gestão do conhecimento do Instituto Internacional de Educação do Brasil.
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Clarice Gulyas
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