A Justiça com Crachá: quando a Procuradoria da CLDF escolhe a quem servir
Denunciante vira ré, denunciado é poupado — e a coerência, como sempre, é a primeira a ser arquivada
Em 16 de outubro de 2025 – Redação
Na Câmara Legislativa, a balança da justiça parece ter sido substituída por uma régua de conveniência política.
O corregedor Joaquim Roriz Neto pediu o arquivamento do processo contra o deputado Daniel Donizet, personagem já conhecido nos corredores do Ministério Público por responder a diversas denúncias.
Mas a mesma Procuradoria que cruza os braços diante do investigado resolve agir com rigor exemplar contra a deputada Paula Belmonte, autora da denúncia — e, ironicamente, uma das poucas vozes independentes do plenário, e que é independente ao seu modo de fazer política, enquanto Donizet é governista de carteirinha.
O roteiro é tão previsível quanto revoltante: quem está alinhado ao governo ganha blindagem; quem ousa confrontar o sistema, ganha processo.
Paula Belmonte virou alvo não por suas palavras, mas por sua inconveniência política — ousou colocar seu nome como opção ao GDF de Ibaneis e Celina e, por isso, tornou-se persona non grata entre os governistas.
Enquanto isso, o silêncio cúmplice da Casa ecoa pelos corredores.
A Procuradoria, que deveria defender a legalidade, parece mais preocupada em defender aliados e punir dissidentes.
É a velha tática de inverter os papéis: transformar o fiscal em acusado, e o acusado em vítima.
Se a CLDF queria mostrar como funciona o jogo de poder dentro dos gabinetes, conseguiu.
Mas o que talvez os articuladores desse teatro ainda não perceberam é que o povo está cansando de ver bajuladores impunes.
Cansando de assistir aos mesmos rostos protegidos por conveniências, enquanto a coragem e a independência são tratadas como crimes.
A paciência do eleitor tem limite — e o tapete vermelho da impunidade, uma hora, se rasga.