Sol Nascente, Problema Antigo – Solução Velha: Tira os Pobres, Fica o Problema
Retirada de moradores no Sol Nascente expõe a velha tática do GDF: empurra os vulneráveis, limpa a vitrine, mas não resolve a desigualdade.
Em 17 de julho de 2025 – Redação
Mais uma vez, o roteiro se repete no Distrito Federal: em vez de política habitacional séria, temos trator, tropa e notificação. No Sol Nascente, uma das regiões mais carentes e populosas do DF, dezenas de famílias estão sendo removidas sob a justificativa de “ocupação irregular” – um argumento legal, mas com sabor amargo quando a Justiça parece servir só a quem tem título de propriedade e influência política.
A cena é conhecida: agentes do GDF chegam, máquinas avançam, barracos viram entulho. Famílias inteiras perdem o pouco que têm. E, claro, sempre há um porta-voz engravatado dizendo que “é necessário para o bem coletivo”. Mas que coletivo é esse que nunca inclui os pobres?
Não há um projeto de reassentamento digno. Não há diálogo. Não há dignidade. O que há é pressa para “organizar” a cidade, especialmente quando algum megaevento se aproxima, ou quando as pesquisas eleitorais apertam e o governante precisa mostrar serviço para os mais abastados.
Enquanto isso, a comunidade do Sol Nascente, que já sobrevive com infraestrutura precária, vê seus moradores sendo tratados como obstáculos urbanísticos. São os invisíveis da política pública, lembrados apenas na hora do despejo ou da eleição.
O governo do Distrito Federal até tenta justificar com termos como “regularização fundiária”, “proteção ambiental”, “ordem urbana”. Mas na prática, quem mora em regiões nobres ocupa áreas ambientalmente sensíveis com cercas elétricas, piscinas e churrasqueiras — e ninguém aparece com trator lá.
O que está acontecendo no Sol Nascente não é apenas uma operação de remoção: é mais um capítulo da política higienista disfarçada de legalismo. É a velha Brasília que finge ser moderna, mas ainda trata os pobres como problema e não como parte da solução.
Se a cidade quer crescer de verdade, precisa parar de maquiar a desigualdade e começar a enfrentá-la. Com política habitacional séria, urbanização decente, escuta ativa das comunidades e, principalmente, com coragem para enfrentar os privilégios – e não os vulneráveis.
Veja abaixo vídeos de hoje (17) onde a população tenta impedir as remoções.