Profissionais do sexo lucram com segurança e autopromoção na internet

A atriz pornô Angélica Castro, travesti em escândalo com atores famosos, deixou a Avenida Atlântica pelos sites de acompanhantes

Com o acesso das redes sociais em alta, profissionais do sexo trocam as ruas pela internet e desbancam “cafetões”. Em busca de mais segurança e discrição, a maioria chega a poupar em torno de R$ 50 por semana ao evitar o agenciamento de aliciadores em pontos de prostituição.

A atriz pornô, Angélica Castro, travesti que protagonizou escândalos com os atores Gabriel Braga Nunes e Rômulo Arantes Neto (Malhação), trabalha como garota de programa desde 2006. Após sofrer com a violência na avenida Atlântica, no Rio de Janeiro (RJ), resolveu apostar nos sites de acompanhantes como alternativa na procura por clientes. “Já cheguei a anunciar em cinco sites e agora tenho Orkut, Twitter, Facebook e dois blogs. Na rua, eu pagava cerca de R$ 50 pela promessa mentirosa de segurança e tive que aprender a me defender sozinha de bêbados e marginais”, conta.

Segundo Angélica, que após envolvimento com atores famosos ganhou popularidade nas redes sociais, a cobrança dos anúncios nos sites gira em torno do material de divulgação. “Em São Paulo, paguei R$ 150 pela produção de dez fotos que também posso usar em outras páginas. Quem paga o site são os assinantes para ver nossas fotos como uma espécie de cafetinagem inversa”, diz.
Angélica acredita que o investimento na internet, além de aumentar o número de programas e oferecer mais segurança, ainda contribui com discrição e até mesmo seleção dos clientes. “Na rua, estamos expostas, sujeitas a surpresas boas como o caso Ronaldo, e ruins, como a violência e até uma chuva. Sem falar que o valor do programa é de apenas R$ 60 ou R$ 80. Em casa, conheço mais o cliente, saio com quem eu gostar e puder pagar o valor que cobro (R$ 150)”.

CRIME
A advogada criminalista, Ângela Rita Cássia de Oliveira, explica que a diferença entre as duas formas de prostituição está na maneira como o agenciador é beneficiado. “Na rua há o crime porque o aliciador está lucrando diretamente, já nos sites é difícil caracterizar crime porque é como se fosse uma prestação de serviços a qualquer cidadão. A fonte de lucro está na postagem de foto e não na prostituição”, diz.

De acordo com a advogada trabalhista, Andreia Ceregatto, a prostituição, mesmo não regulamentada, já é reconhecida como profissão lícita pelo Ministério do Trabalho e Emprego, já que está inserida na classificação brasileira de ocupações. No entanto, o preconceito existente contra garotos e garotas de programa impede o reconhecimento dos direitos trabalhistas.

Clarice Gulyas

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